Quando a Cultura Estraga a Terceirização: O Problema Escondido da Entrega

Quando as empresas contratam serviços de fora (terceirizam), logo pensamos em contratos, o que cada um vai fazer (escopo) e metas (SLA e KPI). E tudo isso é muito importante.

Mas o que pouca gente vê, ou não quer enxergar é como o jeito de ser da empresa (a cultura) pode acabar com tudo, sem ninguém nem perceber. É como um inimigo invisível que estraga o trabalho.

Muitas vezes, observa-se que projetos com contratos perfeitos e equipes terceirizadas super competentes acabam não prosperando. O motivo, frequentemente, reside no fato de que a cultura da empresa contratante não aceitava a equipe terceirizada como parte do time.

Essa situação, por sua vez, se transforma em muitas atitudes pequenas, mas que acabam com a parceria:

  • Funcionários da casa que evitam a equipe de fora: como se eles não pertencessem.
  • Chefes que não dão valor aos profissionais externos: tratam eles como “pessoas de fora” ou de segunda classe.
  • Falta de conversa clara e aberta: informações importantes não chegam a todo mundo.
  • Dificuldade em compartilhar o que precisa ser feito: o conhecimento fica preso, não flui.
  • Tratamento diferente para as equipes: problemas que afetam todos não são resolvidos juntos, esquecendo que o objetivo final é o mesmo para todo mundo.

O resultado? Trabalho refeito, gente sem saber o que fazer, qualidade caindo. Aumenta a falta de gente no trabalho e a saída de pessoas (turnover). As coisas vão piorando aos poucos, até que todos fiquem insatisfeito e a situação explode. Afinal, como “engajar uma equipe” se não tem um ambiente de cooperação?

Que Fazer Para Mudar Isso?

  • Apresentar a Cultura Desde o Começo: Não basta só explicar o trabalho. É preciso mostrar como a empresa funciona, quais são seus valores, o que se espera de todo mundo. E o contrário também: a empresa precisa entender como o parceiro de fora trabalha para evitar atritos.
  • Integrar as Equipes de Verdade: Fazer com que todos convivam em lugares comuns (refeitório, eventos), chamar a equipe terceirizada para reuniões e grupos de conversa (tipo WhatsApp). E o mais importante: tratar todo mundo igual. Quando a chefia trata a equipe de fora como “parte do time”, eles se sentem mais valorizados e trabalham melhor.
  • Contratar Parceiros com Valores Parecidos: O erro pode começar na hora de escolher quem vai fazer o serviço. Se a cultura da empresa contratada for muito diferente, a parceria dificilmente vai dar certo no longo prazo. Busque quem tem valores parecidos com os seus.
  • Olhar Não Só o Resultado, Mas o Relacionamento: Além das metas de trabalho, veja como está a relação entre as equipes. Acompanhe a saída de pessoas, o clima entre os times e peça a opinião uns dos outros. A gente gerencia melhor quando entende como as pessoas se sentem.
  • Líderes com “Visão de Gente”: O chefe que cuida da relação com a equipe terceirizada precisa ir além da parte técnica. Ele tem que “ler o ambiente”, saber lidar com as diferenças e, principalmente, unir as equipes. Isso exige mais do que mandar: exige sensibilidade.

Ignorar a cultura é como construir uma casa na areia. Para a terceirização funcionar bem, precisamos ver a cultura como algo essencial e trabalhar para que ela seja uma amiga, e não o problema escondido que atrapalha a entrega.